terça-feira, 28 de novembro de 2023

Anestesia

 

Os dias passam sem qualquer fulgor. Fico tentando resgatar o desejo, mas tudo dentro de mim soa inerte.

A plegia se instala. Quero lembrar quando e como começou. Quero saber se é químico ou anímico.

O tempo é indiferente. Por vezes já quis que ele se apressasse, por vezes já quis que ele se detivesse. Agora da tudo no mesmo, porque o amanha é a reescrita do hoje. Me esforço para conduzir meus pensamentos e não deixa-los que me levem ao abismo. Faço planos que não se perfazem e os dias passam comigo jogada num lençol manchado.

Tento ser objetiva e não deixar perdurar o ônus. Mas é tudo sem sentido, sem ânimo, sem entusiasmo. E nada mais chato que uma vida morna.

Será que eu esperei de mais? Será que eu pedi de mais? Será que se eu tivesse obtido o que gritei, teria sido diferente?

Será que esse é o normal? Dias bons, dias ruins? Tenho a exigência de dias insólitos. Talvez eu não tenha compreendido ainda a natureza da alma. Talvez eu seja mesmo uma adicta que ainda não aprendeu a viver em simplicidade. Mantenho em mim a índole da coca, a ânsia, a impaciência, o clímax, o esplendor e o extremo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário