Os dias passam sem qualquer fulgor. Fico tentando resgatar o
desejo, mas tudo dentro de mim soa inerte.
A plegia se instala. Quero lembrar quando e como começou.
Quero saber se é químico ou anímico.
O tempo é indiferente. Por vezes já quis que ele se
apressasse, por vezes já quis que ele se detivesse. Agora da tudo no mesmo,
porque o amanha é a reescrita do hoje. Me esforço para conduzir meus
pensamentos e não deixa-los que me levem ao abismo. Faço planos que não se
perfazem e os dias passam comigo jogada num lençol manchado.
Tento ser objetiva e não deixar perdurar o ônus. Mas é tudo
sem sentido, sem ânimo, sem entusiasmo. E nada mais chato que uma vida morna.
Será que eu esperei de mais? Será que eu pedi de mais? Será que
se eu tivesse obtido o que gritei, teria sido diferente?
Será que esse é o normal? Dias bons, dias ruins? Tenho a exigência
de dias insólitos. Talvez eu não tenha compreendido ainda a natureza da alma. Talvez
eu seja mesmo uma adicta que ainda não aprendeu a viver em simplicidade. Mantenho
em mim a índole da coca, a ânsia, a impaciência, o clímax, o esplendor e o
extremo.
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